Na Floresta, bem cedinho
Um menino caminhava
quando ouviu o barulhinho
de um bichinho que chorava
Era um louva-a-Deus magrinho
Com olhar entristecido
Era branco, bem clarinho
e, por todos, percebido
Mas por que eu sou assim?
Eu não posso me esconder
E não sei de onde eu vim
Nem aonde vou viver
Diz o louva-a-Deus
Não consigo te entender
Pois pareces tão normal
O que eu não estou a ver?
Por que tu estás tão mal?
Diz o menino
Não me entendes, Ó, menino?
Abre os olhos, vou mostrar
Neste mundo pequenino
Todos vão se camuflar
Olha o galho ali quebrado
Mariposa bem do lado
De cabelo penteado
E olhar bem sossegado
E naquela goiabeira
Olha bicho-pau comprido
Come a folha saideira
Enche a pança destemido
Tem também o bicho-folha
Tão bonito e tão leve
Eu aqui sem ter escolha
Brilho branco feito a neve
Até aquela lagartinha
Fica ali rindo de mim
Como cocô de galinha
Se esconde bem assim
E no meio na roseira
Mora um inseto-espinho
Parado, todo quietinho
Fura quem tá de bobeira
E aquele gafanhoto
Na areia sem pular
De sorriso bem maroto
como sabe camuflar!
Diz o louva-a-Deus
Vem pra cá, meu novo amigo
No meu ombro vais ficar
Pois agora aqui comigo
Por você eu vou rezar
Diz o menino, sentando ao pé de um ipê, olhando para o céu e juntando as mãos
Meu Papai, meu protetor
Eu te peço com firmeza
Dê ao meu amigo cor
e o esconda na beleza
Entre os galhos do Ipê, uma orquídea com os botões fechados abre uma de suas flores. O louva-a-Deus levanta as asas, fica igual a flor e voa até ela.
Abro os braços pro seu Pai
de minha casa, esta flor
vou louvá-Lo com amor