Imagine um estudo com 1 milhão de pessoas. Um estudo perfeito segundo o que manda a Medicina Baseada em Evidências (prospectivo, randomizado, controlado, etc.) com o objetivo de testar o remédio X para a prevenção de infarto.
Os resultados mostraram que no grupo de 500 mil pessoas que tomaram o remédio X, 90% não infartaram em 10 anos. Já no grupo placebo, 20% não infartaram em 10 anos.
No dia seguinte da publicação do estudo, você atende o Sr. Leovegildo Lins da Gama Junior, com o perfil exato dos pacientes analisados no estudo, e decide prescrever o remédio X.
Sr. Leovegildo, então, pergunta:
“Doutor, mas em que grupo eu, Leovegildo, estou? No grupo dos 90% que tomaram o remédio e não infartaram, no grupo dos 10% que tomaram e infartaram, no grupo dos 80% que não tomaram e infartaram ou no grupo dos 20% que não tomaram e não infartaram? Se der para escolher, eu fico no último grupo, ok?””
É quando a Medicina começa…